Tribo indígena cria game para preservar sua cultura

Uma das grandes questões que envolvem o crescimento do espaço urbano é o número cada vez menor de tribos indígenas – e a consequente dispersão de suas tradições e culturas. Para resgatar essas riquezas simbólicas e utilizar os avanços tecnológicos a seu favor, a tribo Kashinawá, do estado do Acre, criou o game “Huni Kuin: Os Caminhos da Jiboia”, que conta suas principais histórias de uma forma dinâmica e lúdica.

O game conta com elementos muito específicos, como sons da mata e de cantos indígenas, além da narração e dos diálogos na língua nativa da tribo (Divulgação/Huni Kuin).

A tribo se uniu com antropólogos e desenvolvedores de jogos digitais para criar “Huni Kuin” (frase que os Kaxinawá utilizam para referirem a si próprios e significa algo como “pessoa verdadeira”), que está disponível para PC e Mac e honra as culturas da comunidade indígena trazendo diálogos e narrações em sua língua nativa.

Principal desenvolvedor do jogo e antropólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP), Gabriel Meneses explicou que o conhecimento dos rituais ancestrais, dos espíritos e da biodiversidade é fundamental para o sucesso no game, e contou que a participação dos Kaxinawás foi elementar para a construção da narrativa e do software. “Decidimos com eles o roteiro e as histórias. Eles desenharam os protótipos, gravaram as músicas e os efeitos sonoros. Os pajés narraram as histórias”, declarou à Agência Brasil.

Minha ideia original era que gamers e outros interessados tivessem uma visão de como é uma aldeia, o mundo indígena, os mitos e que isso ajudasse a derrubar certos preconceitos que até hoje existem por falta de informação da população sobre os indígenas.

A equipe deseja, no futuro, levar o jogo para dispositivos móveis, mas ainda não há uma prévia de quando isso deve acontecer. O maior obstáculo para o grupo é a carência de recursos financeiros, que está buscando solucionar por meio de parcerias acadêmicas.

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