Entenda a polêmica sobre a IA do Google com consciência

Uma revelação bombástica do engenheiro Blake Lemoine, do Google, em entrevista ao jornal The Washington Post, mexeu com as estruturas do cenário tecnológico. Na última semana, ele relatou que o novo sistema Language Model for Dialogue Applications (LaMDA) da empresa passou a desenvolver consciência.

Alguns trechos do debate com a máquina, divulgados por Lemoine, causou instigação em membros da comunidade científica de IA (inteligência artificial).

Alguns especialistas em IA, entrevistados pela Tilt, relataram que não existe possibilidade das tecnologias atuais atuarem em uma máquina consciente sobre suas tomadas de decisões.

“Com as tecnologias já disponíveis, a máquina é capaz de produzir um resultado muito bom em termos de comportamento. A inteligência artificial está se desenvolvendo em um nível de complexidade, o que pode provocar um problema de julgamento. Neste caso do Google, foi um mal julgamento de quem estava operando a máquina”, analisa Diogo Cortiz, professor de tecnologia e design da PUC-SP e pesquisador do NIC.BR, à Tilt, do Recife.

A princípio, o LaMDA foi elaborado para diversos propósitos, como o chatbot (diálogos com atendentes automáticos que simulam um diálogo real).

Ele é uma modelagem de sequência de palavras, gerenciadas para combinar padrões extraídos de vários bancos de dados estatísticos da linguagem humana.

Contudo, apesar da consolidação do sistema ser bem feita, a linguagem deles não dizem que são capazes de pensar por si mesmos.

“Essa IA é muito boa para construir textos convincentes. Ela leu muito porque tem uma boa base de dados, gerando respostas. Mas não tem compreensão de conhecimento semântico e nem de significado intrínseco. Tudo o que ela faz é um cálculo de probabilidades. O LaMDA consegue até fazer algumas soluções de aritmética básica”, conta Cortiz.

Lemoine foi afastado do Google após compartilhas suas descobertas com executivos do Google, com o nome de “O LaMDA é consciente?”. O fato aconteceu antes da publicação da matéria no Washington Post.