Entrevista Rio 2016: Larissa/Talita não se incomodam com o favoritismo no vôlei de praia
Elas jogam juntas há pouco mais de um ano, mas já são apontadas como as favoritas ao ouro olímpico neste ano. Em pouco tempo, as jogadoras de vôlei de praia Larissa França e Talita Antunes, ambas com 33 anos, se entrosaram e mostraram que podem subir ao lugar mais alto do pódio nos Jogos do Rio, o que não acontece na modalidade feminina há 20 anos, desde Atlanta-96. Campeãs do Circuito Mundial de 2015, elas esperam que 2016 seja ainda mais especial.
Experiente, a dupla não se incomoda com o rótulo de favorita nem escolhe adversário. “Encaramos todas as duplas com a mesma importância e procuramos sempre focar jogo a jogo”, declara Larissa ao ser perguntada sobre as oponentes mais fortes que deverão encarar em agosto. Em entrevista exclusiva ao POP, as atletas ainda lembraram os momentos mais marcantes na vida da parceria até aqui e prometem muito foco rumo ao objetivo final: a medalha dourada no Rio de Janeiro.
A dupla foi formada em 2014 e já teve um 2015 quase perfeito. A que vocês creditam esse sucesso tão rápido?
Talita: Acho que o principal é que nós duas quando nos juntamos tínhamos o mesmo pensamento e o mesmo objetivo. Isso nos motivou muito. Também o fato de estarmos felizes em jogar uma com a outra. Quando se faz o trabalho de forma feliz, tudo rende melhor.
Larissa: Quando chamei a Talita sabia que poderíamos formar um bom time, mas os resultados vieram rápido porque, assim como eu, a Talita é muito profissional e focada. Quando tem algum objetivo, ela se dedica a ele e corre atrás. Esse tipo de estímulo foi fundamental para o meu retorno depois desse tempo parada.
Vocês já estão classificadas para a Olimpíada no Rio de Janeiro. Como será a preparação de vocês até lá?
Talita: Nosso primeiro objetivo foi alcançado, que era a classificação. Agora é focar no segundo objetivo que é a medalha. Vamos nos esforçar ao máximo para isso e sabemos que temos condições de brigar por uma medalha. Nos reunimos com nossa equipe e planejamos o ano, treinamento e competições. Estamos focadas e queremos chegar 100% nos Jogos do Rio 2016.
Larissa: Não muda muita coisa. Se tudo que fizemos até agora deu certo e os resultados apareceram é porque estamos no caminho certo. Claro que sabemos que podemos melhorar, e buscamos isso a cada dia. Seja jogando ou no treino, sempre queremos melhorar ainda mais individualmente e como time. Esse é o segredo. Se você achar que está tudo 100%, acaba se acomodando.
Com resultados tão expressivos, vocês são as grandes favoritas ao ouro no Rio. Como vocês lidam com essa pressão?
Talita: Não pensamos nisso. Esse favoritismo é consequência dos resultados que tivemos, então não há muito o que pensar. Não podemos nos iludir com isso e achar que já ganhamos. Olimpíada é uma competição especial e queremos muito esse ouro. Mas favoritismo não ganha jogo, é preciso mostrar em quadra porque as apostas estão em você.
Larissa: Claro que Olimpíada é especial, essa será a nossa terceira como atletas, embora a primeira juntas. Mas sempre entramos em todos os torneios querendo apresentar nosso melhor vôlei e brigar pelo título. Não será diferente nos Jogos Olímpicos. É isso que temos que fazer, nos dedicar a cada treino, entrar focadas em cada jogo e sempre buscar apresentar nosso melhor desempenho. Os resultados até agora foram consequência disso, que seja assim também no Rio 2016.
Com a tricampeã olímpica Kerri Walsh machucada e a modalidade crescendo no Canadá e na Europa, quais serão suas maiores adversárias no Rio?
Talita: O vôlei de praia há muito tempo deixou de ser apenas uma disputa entre Brasil e Estados Unidos. Claro que esses dois países continuam tendo times fortes que dominam o circuito mundial, mas a modalidade cresceu no mundo inteiro. A China tem medalhistas nos dois últimos jogos olímpicos, os países europeus estão cada vez mais fortes e brigando por títulos no Circuito Mundial. Hoje o cenário do vôlei de praia feminino é de grande equilíbrio, com vários times com chances de medalhar no Rio.
Larissa: Não pensamos muito quem são nossas principais adversárias. Para gente, o adversário mais importante é sempre o do próximo jogo. Encaramos todas as duplas com a mesma importância e procuramos sempre focar jogo a jogo. Quem estiver no nosso caminho no Rio 2016 desde o primeiro jogo será um adversário importante.
Às vezes as pessoas acham que a primeira fase de um torneio desse não é tão importante, porque teoricamente são jogos mais fáceis. Primeiro que dependendo do seu grupo, você já pode pegar adversários complicados na fase de grupos, depois que uma derrota nessa fase muda todo o cruzamento na fase eliminatória. Não temos que nos preocupar com os outros, ou com os resultados dos outros times. Temos que nos preocupar com a nossa dupla, com o que vamos apresentar em quadra e estudar cada adversário do primeiro ao último jogo, que eu espero seja a final (risos).
Nesta curta trajetória da dupla até aqui, qual foi o momento mais marcante? E a maior decepção?
Talita: Certamente o nosso primeiro título juntas. Estávamos vindo de dois resultados abaixo da expectativa para o nosso time, mesmo com pouco tempo treinando e jogando juntas. A expectativa em torno da nossa dupla era grande e sabíamos que as pessoas estavam olhando querendo saber até onde iríamos. Quando ganhamos deu aquela sensação de que esse era mesmo o caminho, que se continuássemos em frente, juntas, sem se preocupar com o que as pessoas podiam pensar sobre nosso time, iríamos certamente alcançar nossos objetivos. Nos fechamos dentro da nossa equipe, sempre acreditamos nesse projeto, e jogamos felizes juntas.
Nenhuma decepção. Até as derrotas foram importantes. Temos pouco tempo juntas se comparar com a maioria dos times. Nas derrotas conseguimos enxergar mais facilmente onde precisamos melhoras, conseguimos nos unir ainda mais e nos tornarmos cada vez mais fortes como time.
Larissa: A primeira competição que ganhamos. Claro que tiveram outros momentos especiais, mas aquele título nunca vou esquecer. A sensação de que vai mesmo dar tudo certo, que valeu a pena todo o esforço, que podíamos sim formar um time competitivo. A vitória é o que move o atleta, e ali a gente tinha chegado no ápice em pouco tempo. Mas o melhor é que depois disso não relaxamos, mesmo com a conquista daquela etapa sabíamos que tinha muita coisa pra melhorar, e fomos melhorando. Veio a sequência incrível de vitórias, um novo recorde para a minha carreira. E a gente tava tão feliz jogando juntas que nem se ligava nesses números.
As derrotas, seja no início do time, ou depois da sequência de vitórias que tivemos nunca foram encaradas como algo ruim. Sempre tivemos a capacidade de enxergar como uma oportunidade de nos tornarmos ainda melhor. Não tenho nada de ruim na minha cabeça quando penso no time Larissa/Talita. Só coisas boas, até mesmo nas derrotas.
Pensando no futuro, o que acontecerá com a dupla Larissa e Talita após os Jogos Olímpicos do Rio? Vocês pensam em aposentadoria?
Talita: Se tudo der certo e a gente conseguir nosso objetivo será tempo de dar uma atenção maior a família. Mas não planejei nada ainda, meu foco agora é só nos Jogos Olímpicos. O que vai acontecer depois eu penso quando passar.
Larissa: Não penso em nada. Durmo, acordo e passo o dia pensando numa única coisa: o quanto eu quero jogar bem essa Olimpíada. O quanto quero brigar por esse ouro. O que vou fazer depois vou deixar pra pensar depois que os Jogos acabarem, se Deus quiser com a medalha de ouro nas nossas mãos. Já pensou?
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