Troye Sivan e a música pop, enfim, fora do armário
Até poucos anos atrás, a música pop continuava no armário. Sim, já havia artistas publicamente homossexuais desde meados dos anos 1970, como Elthon John, ou da década de 1990, como George Michael. No entanto, a sexualidade deles era apenas tolerada, e não celebrada. O cenário tem mudado neste novo século, a ponto de artistas mais novos, como o autodeclarado primeiro cantor country gay Steve Grand e Adam Lambert, revelado pelo programa “American Idol”, não precisarem esconder a orientação sexual para obterem sucesso.
Muito pelo contrário: à medida que a população LGBT conquista mais direitos na sociedade e se sente confortável para sair do armário, surge uma demanda para que gays, lésbicas e bissexuais sejam representados na cultura pop. O mais recente exemplo é o jovem Troye Sivan, de apenas 20 anos. Nascido na África do Sul e crescido na Austrália, o cantor já é homossexual assumido – e vive em um mundo onde o verbo “assumir” faz cada vez menos sentido em ser usado para definir a sexualidade de alguém.
As canções de Troye simplesmente refletem suas experiências de vida: quando ele vai falar de amores e relacionamentos, não existe motivo para se referir a mulheres em vez de homens. A situação agora é completamente diferente da realidade enfrentada por Elthon John e George Michael no século passado – a homossexualidade só foi retirada da lista de doenças mentais pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, em 1990. Em uma sociedade ainda mais homofóbica que a atual, cantar aos quatro ventos o amor de um rapaz por outro lado parecia loucura. Não parece mais. Ainda bem.
A música de Troye começou a ganhar destaque no final do ano passado, com a divulgação de uma série de três clipes de seu álbum de estreia “Blue Neighbourhood” que contavam uma história só. “Wild”, “Fools” e “Talk Me Down” mostram a fofa e delicada relação do personagem do cantor com um amigo/flerte/namorado. É sutil, mas é claro: Troye gosta de garotos e é sobre isso que ele vai cantar. Em entrevista à revista LGBT The Advocate, o jovem praticamente resumiu o argumento deste texto:
Acho que a coisa mais importante para mim, neste ponto da minha carreira, é ser honesto nas minhas composições. E essas músicas são sobre garotos.
Nas últimas décadas o mundo mudou, e para melhor. Se antes o simples rumor de que um astro da música fosse gay poderia arruinar sua carreira, o fato agora é tratado às claras e com a naturalidade que o assunto merece. Um cantor gay não precisa mais escrever sobre relacionamentos heterossexuais hipotéticos para agradar o público. É bem o contrário: os fãs LGBT se identificam com quem os artistas realmente são. Ainda bem.
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