Review: "Dying Light"

“Dead Island” teve um ótimo trailer mas, na prática, acabou frustrando a maioria dos jogadores com suas mecânicas estranhas e imperfeições técnicas. Já “Dying Light” chegou meio quietinho, quase tão sorrateiro quanto um zumbi num quarto escuro, mas se revelou uma das experiências de sobrevivência mais legais da geração.

Dois casos bem opostos, mas que mostram que a Techland, honrando a tradição dos mundos apocalípticos de seus games, soube se adaptar para sobreviver. Se “Dead Island” tinha muitas ideias promissoras, é aqui, nessa espécie de “sequência espiritual”, que elas mostram o seu brilho.

Dessa vez a aventura não se passa em um paraíso tropical, mas sim numa metrópole devastada por um vírus misterioso, agora em quarentena e ilhada do resto do mundo. Pois é, a jornada pela cidade de Harran conta com uma premissa bem familiar para os velhos visitantes de Raccoon City, então não espere muitas novidades no campo da narrativa.

Bastante previsível, a história revela que o governo ergueu um muro ao redor do local, enviando mantimentos pelo ar aos sobreviventes, mais especificamente Antizen, um medicamento que ajuda a retardar a infecção e evita que o povo se transforme em zumbis.

Para surpresa de ninguém, logo na sequência de abertura o seu avatar, o agente Kyle Crane, é mordido enquanto partia em uma missão para se infiltrar em uma organização local e investigar o seu líder. Só que muita coisa muda no desenrolar da extensa campanha…

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Madrugada dos mortos

O que não muda, entretanto, é a diversão que você tem enquanto segue tanto a história principal como as side quests. Ironicamente, apesar de ter suas ruas lotadas por mortos vivos, a cidade de Harran vibra de vida graças aos interessantes personagens das side quests – que ficam ainda mais legais graças à boa dublagem que o pessoal da Warner Games trouxe para cá na localização do game.

As missões logo ganham uma camada a mais de profundidade pois, tão logo você termine a primeira hora de jogo – e, consequentemente, o extenso tutorial – é revelada a existência de um ciclo de dias e noites. Futilidade cosmética para destacar ainda mais os belíssimos efeitos de iluminação de um dos jogos third party mais belos da geração? Não senhor, quando o sol se põe o jogo muda completamente.

Pois é sob a luz da lua que surgem os mais temíveis inimigos de “Dying Light”, zumbis muito mais fortes e capazes de acabar com a sua raça em um simples golpe. Isso torna a aventura bem enervante e a coloca toda uma adrenalina a mais na equação, te fazendo desejar correr com tudo em direção ao acampamento mais próximo, zonas de segurança onde é possível dormir e adiantar o relógio tranquilamente para a manhã seguinte.

Corrida pela sobrevivência

Tão impactante para a jogabilidade quanto o ciclo de horas é a inclusão de uma nova mecânica de parkour, uma espécie de filho bastardo do que vimos no clássico “Mirror’s Edge”. Apostando muito na verticalidade, a arquitetura de Harran é repleta de construções das mais diversas alturas, então você vai gastar tanto tempo saltando entre telhados e marquises que periga se sentir num “Assassin’s Creed”.

Só que ao invés desse elemento tão inusitado da jogabilidade destoar do restante do pacote, acaba caindo como uma luva e ajudando a apagar aquele sentimento chato que “Dead Island” transmitia, fazendo o jogador se sentir meio preso e travado pelo cenário. De fato, desde “Metroid Prime” não era tão divertido saltar entre plataformas em um jogo de tiro em primeira pessoa.

O único mistério, então, é como Kyle, tão atlético em seus saltos, não consegue dar mais que três ou quatro golpes em sequência no começo do game. Soa incoerente e quebra um pouco do escapismo, mas ao menos justifica o sistema de árvores de habilidades.

Para alegria de alguns e tristeza de outros, a ação frenética é intercalada por momentos de RPG onde você deve administrar três árvores de talentos, tudo baseado em seu estilo de jogo. Então se você prefere correr das lutas ou sair no braço sempre, leva uma dezena de horas até que o personagem fique totalmente do seu agrado. O jogo também conta com ares de RPG quando é necessário administrar o inventário. Intimida de cara e não é a coisa mais intuitiva do mundo, mas dá para encarar.

Luz no fim do túnel

Há bastante conteúdo no modo principal de jogo, mas a diversão continua em “Seja um Zumbi”, expansão disponibilizada como DLC que permite, como o próprio nome indica, sentir como seria passar um tempo na pele dos mortos vivos.

Ah, quando o o tutorial é completado também é liberado um modo cooperativo muito bacana, mas isso a gente conta pra pra você em breve lá na nossa coluna Multi-Player.

Com tanta coisa pra fazer e novidades muito bem implementadas, não resta dúvidas: se você estava achando que os jogos de horror e sobrevivência já tinham dado tudo que tinham para dar, “Dying Light” pode ser sua luz no fim do túnel.

Plataforma: PS4, Xbox One, PC
Produção: Warner Bros. Games
Desenvolvimento: Techland

 

Gráficos: 9
Som: 7
Jogabilidade: 7
Diversão: 8
Replay: 8
NOTA FINAL: 8

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