Museu de Harvard protege as cores mais raras do mundo

Atualmente, todas as cores que podemos imaginar estão ao nosso alcance. Basta consultar a paleta da Pantone, por exemplo. Mas se voltarmos alguns séculos, podemos descobrir a história surpreendente que há por trás de muitos dos pigmentos que conhecemos hoje. A origem deles remonta a tempos pré-históricos, mas muito do que se sabe está relacionado com o mundo da arte e explicado pelo historiador e diretor do Museu de Arte Forbes, na Universidade de Harvard, Edward Waldo Forbes.

Considerado o pai da conservação da arte nos Estados Unidos, Forbes viajou ao redor do mundo acumulando pigmentos para autenticar pinturas italianas clássicas. Ao longo dos anos, sua coleção “Forbes Pigment Collection” veio a ser conhecida e cresceu para mais de 2.500 amostras diferentes, cada uma com sua própria história – origem, produção e uso. Hoje este material é utilizado principalmente para análises científicas.

Narayan Khandekar é o atual diretor do Centro Straus de Estudos Técnicos e de Conservação do Museu de Arte de Harvard e também guardião da coleção iniciada por Forbes. Durante os últimos dez anos, ele reconstruiu a coleção para incluir pigmentos modernos, com o objetivo de melhor analisar a arte contemporânea.

Seu trabalho, por exemplo, foi fundamental para provar que uma pintura do mestre norte-americano Jackson Pollock, descoberta em 2007, era na verdade uma falsificação. Após ter feito a análise de pigmentos, Khandekar revelou que uma cor vermelha usada na tela havia sido fabricada 20 anos após a morte do pintor.

“Todo pigmento tem a sua história”, costuma dizer o diretor. Em entrevista ao site Fast Company, Khandekar revelou um pouco do que sabe sobre os dez pigmentos mais raros e interessantes da coleção Forbes.

Confira:

Synthetic Ultramarine

Esta cor foi descoberta em 1826 como resultado de um concurso.

Mummy Brown

Mummy Brown.

Pessoas costumavam ir atrás de múmias, no Egito, para extrair um material marrom que se desprendia dos corpos dos mortos e ficavam nos tecidos nos quais eram enfaixados. Esta espécie de resina era então transformada em pigmento. É um tipo muito estranho de pigmento, mas era muito popular nos séculos 18 e 19.

Pau-Brasil

Essa cor é bem conhecida pelos brasileiros. Proveniente da árvore de mesmo nome, descoberta pelos portugueses que colonizaram nossas terras, o pigmento era uma espécie de resina vermelha que foi muito utilizada pela indústria têxtil europeia.

Quercitron

Uma tintura vegetal amarela extraída da casca do carvalho escuro, nativo de algumas regiões dos Estados Unidos.

Annatto

A Annatto é na verdade a planta que conhecemos aqui como Urucum. O pigmento proveniente dela é um corante natural de tom alaranjado, utilizado tradicionalmente pelos povos indígenas da América do Sul.

Lapis Lazuli

A sua beleza intensa sempre foi apreciada ao longo de séculos, por diversas culturas. Foi usado para obras de arte de elevado valor como a máscara de Tutankhamon e na decoração do Taj Mahal. Artistas do Renascimento escolheram o pigmento para embelezar as vestes de Jesus Cristo e da Virgem Maria. O mineral que deu origem à cor chegou a ser mais valioso que ouro. Acredita-se que seja o pigmento mais caro já criado na história.

Dragon’s Blood

O pigmento conhecido como Sangue de Dragão era feito da seiva de uma árvore do sudeste asiático e apresentava uma cor vermelho brilhante.

Cochineal

Outro corante vermelho retirado de besouros esmagados.

Cadmium Yellow

Cadmium Yellow.

Um tom de amarelo introduzido em meados do século 19. É proveniente do cádmio, um metal pesado e muito tóxico. No início do século 20 o cádmio vermelho também começou a ser utilizado, e até os anos 1970 os blocos de LEGO eram coloridos com este pigmento, até serem proibidos no mercado.

Emerald Green

O verde esmeralda, também conhecido como verde-paris, é o nome de um composto descoberto em 1808, o acetoarsenito de cobre. A substância foi muito utilizada por artistas da época, incluindo Van Gogh, mas foi banida das tintas depois do envenenamento de diversos pintores. Em 1867 começou a ser usado como pesticida, mas logo foi proibido por conta de sua alta toxidade.

 

Fotos: Divulgação/Acervo de Harvard

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