Lego recusa envio de peças para nova obra de Ai Weiwei
Em uma série de posts publicados no Instagram, o artista chinês Ai Weiwei revelou que a Lego não aprovou que as peças fabricadas pela companhia fossem utilizadas em uma de suas novas obras. Ele afirma que a fabricante dos tijolinhos coloridos de encaixe não aceitou o pedido de encomenda para uma obra que ficaria em exposição em dezembro na National Gallery of Victoria, em Melbourne, na Austrália.
A negativa teria sido por conta das posições políticas de Ai Weiwei, uma das mais notórias vozes contrárias ao governo chinês. “Sendo uma empresa dedicada a fornecer experiências lúdicas para as crianças, nós não nos envolvemos nem apoiamos projetos de contexto político. Este princípio não é novo”, a companhia dinamarquesa afirmou em um comunicado ao jornal britânico The Guardian.
Weiwei, no entanto, afirmou que a medida tem aspectos de censura e discriminação. “Enquanto uma corporação poderosa, a Lego é um ator com influência política e cultural na economia globalizada que possui valores questionáveis”, escreveu o artista.
Ao longo de vários posts, Weiwei deu a entender que a recusa é motivada pelo fato de que a Lego não quer entrar em conflito com o governo da China, já que uma companhia britânica e outra chinesa recentemente anunciaram uma parceria para a inauguração de uma Legoland (parque temático dos blocos de montar) em Xangai.
“Everything is awesome “
Como resposta, muitos fãs e seguidores afirmaram, nas redes sociais, que estavam dispostos a doar seus brinquedos Lego para a nova obra de Ai Weiwei. O estúdio do artista irá estabelecer pontos de coleta de material em várias cidades. Weiwei reagiu com ironia, publicando uma foto de várias peças de Lego dentro de uma privada, em referência à “Fonte” de Marcel Duchamp.
The morning droppings Uma foto publicada por Ai Weiwei (@aiww) em
As características da nova obra não foram reveladas. Weiwei já havia trabalhado com peças da Lego em 2014, com a montagem “Trace”, exposta na prisão desativada de Alcatraz. A mostra exibia mais de 175 prisioneiros políticos de vários regimes governamentais ao redor do mundo.
via O Globo, G1 e The Guardian