Representatividade é tudo nessa vida. Você é um adolescente – gay – que ama lobisomens, vampiros e afins, mas não vê graça nenhuma em “Crepúsculo”, por exemplo. Você não sente falta de acompanhar algum personagem mais parecido com você lutando contra o mal, solucionando os problemas do mundo e talz?
A espera acabou com o lançamento do livro “Graham – O Continente Lemúria”, do paulista Vinicius Fernandes, de 22 anos, sob o pseudônimo de A.Wood. O personagem principal, Peter Graham, era um rapaz igual a mim e a você. Alguma coisa, porém, aconteceu e ele virou um caçador de vampiros frio e destemido! Uhhh…
Pra te deixar com mais vontade de ler, a gente dá um mini spoiler bebê: a grande missão de Graham é encontrar e matar um lobisomem. No entanto, ele SE APAIXONA por ele! E agora?! Só lendo o livro pra saber ;).
Vinicius no lançamento do livro, em agosto.
4Teen: Como é escrever literatura juvenil com a temática homossexual?
Vinicius Fernandes: Esse é meu primeiro livro que aborda essa questão. Não vi muitas diferenças com relação a outras obras. A homossexualidade de Peter Graham é só mais uma característica do protagonista.
Como você vê o cenário brasileiro da literatura juvenil gay?
Acho que o mercado está bem receptivo. Alguns estrangeiros que escreveram sobre essa temática estão fazendo bastante sucesso aqui no Brasil, como é o caso do livro “Will & Will” e “Garoto Encontra Garoto”, para citar alguns. Não creio que o problema seja a literatura com personagens gays. O problema é um certo tipo de “preconceito” contra escritores brasileiros vindo dos próprios leitores brasileiros, independente do gênero. Mas, felizmente, isso está mudando aos poucos.
Como os leitores têm recebido o seu livro?
Muito bem. Só recebi comentários positivos sobre o livro e a história de Peter. Todos os leitores que me retornaram elogiaram bastante a temática e o modo como tudo se desenvolve no romance. Isso tudo pode ser visto, também, nas resenhas que saíram pela web.
De onde surgiu a ideia de mergulhar nesse ~submundo~ de vampiros, lobisomens e etc?
Eu sempre gostei de histórias obscuras com esses seres do “submundo”, mas nunca me arrisquei a escrever nada porque esse é um tema já muito explorado e repleto de clichês. Mas quando tive a ideia de escrever Peter Graham, vi que era algo diferente. Apesar de haver vampiros e lobisomens, minha ideia é bem inovadora e foge dos clichês. Por isso me arrisquei nessa temática: por causa do modo diferente e inovador como resolvi abordá-la.
Por que você aderiu ao pseudônimo A. Wood?
É como comentei na outra pergunta. Existe certo preconceito contra escritores brasileiros no nosso país. Optei pelo pseudônimo para que os leitores se interessassem pelo livro sem olhar torto para a capa quando vissem um nome brasileiro ali. Assim, eles o veriam numa livraria e se surpreenderiam quando lessem, provavelmente gostassem e descobrissem que um brasileiro escreveu um livro que eles gostaram.
Por que o protagonista é estrangeiro? Existe uma identificação maior com o que vem de fora?
Peter Graham é canadense por alguns motivos. Primeiro, eu estava numa viagem de intercâmbio fora do país quando comecei a escrever, então me utilizei do cenário que me cercava para começar a construir a história. E outro motivo é que o Canadá é um país que sempre gostei por diversas razões, então resolvi escrever uma história que o utilizasse como palco principal. Mas, ao lermos o livro, vemos que há passagens que ocorrem aqui no Brasil também…
Até que ponto o personagem principal tem inspiração pessoal?
Todo autor quando escreve coloca um pouco de si na história, de várias formas. Peter Graham tem um pouco de mim, sim, mas o bom de escrever ficção é a liberdade que o escritor tem de criar e inovar.
Imagens: Divulgação/Vinicius Fernandes
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