Apesar das conquistas da população LGBT em todo o mundo nos últimos anos, ainda há ambientes em que a homofobia impera. Um deles, infelizmente, é o mercado de trabalho. Uma pesquisa realizada pela organização norte-americana Center for Talent Innovation mostra que a maioria dos homo e transexuais globalmente prefere não revelar abertamente a orientação sexual ou identidade de gênero por medo de sofrer discriminação. Por aqui, o índice chega a 61%.
O estudo foi realizado com mais de 12,2 mil profissionais (quase 2 mil deles, lésbicas, gays, bi e transexuais) de dez países: Brasil, África do Sul, China, Cingapura, Estados Unidos, Hong Kong, Índia, Reino Unido, Rússia e Turquia. O Brasil apresentou um dos números mais altos de trabalhadores ainda “no armário”, atrás apenas das quatro nações asiáticas e da Rússia, famosa pela homofobia institucionalizada do governo de Vladimir Putin.
Gráficos mostram a porcentagem de pessoas que escondem a sexualidade (à dir.) e que não falam abertamente sobre o assunto (à dir.) (Reprodução).
Ainda assim, nosso país foi considerado “amigável à comunidade LGBT” uma vez que as leis, mesmo que ainda insuficientes para acabar com a homofobia da sociedade, de uma maneira ou de outra protegem lésbicas, gays e trans. Em lugares como China, Hong Kong e Turquia, não há legislação que proíba a discriminação. Como resultado, 20% dos LGBTs entrevistados relataram terem sido presos, processados criminalmente ou assediados pelo governo apenas por querem quem eles são – no primeiro grupo, o dado cai para 14%. Esta estatística sobe para 25% nas nações em que a homossexualidade é criminalizada, caso da Rússia, Índia e Cingapura.
À direita, a porcentagem das pessoas LGBT que já sofreram agressões e, à esquerda, o número de quem teve problemas com o governo (Reprodução).
De acordo com os autores da pesquisa, o medo da discriminação é prejudicial para todos. No planeta inteiro, mais de um terço dos empregados que não falam abertamente sobre a sexualidade admitem que isso prejudica o relacionamento com os colegas, e 32% consideram que eles sacrificam a autenticidade pessoal no ambiente de trabalho.
Segundo a fundadora do centro e coautora do estudo, Sylvia Ann Hewlett, os profissionais LGBT que trabalham em empresas que conseguem protegê-los de discriminação são mais engajados. “Quando as firmas criam um ambiente inclusivo, se tornam mais competitivas para recrutar talento e desenvolver seu potencial inovador”, completa. E a política pró-LGBT beneficia a todos: aproximadamente 70% dos trabalhadores que se identificaram como aliados da causa relataram prefeririam trabalhar em uma empresa que oferece oportunidades iguais para profissionais LGBT.
Segundo a pesquisa, as empresas não-amigáveis à população LGBT perdem em competitividade (iStock).